olhos - foto em preto e branco de Alessio

Sou Alessio.

Tenho trinta anos e estou felizmente noiva há onze, desde os dezenove.

Minha namorada e eu não corremos. Estamos esperando o momento certo para nos casar.

Esse período estranho não mudou muitas coisas na minha vida. Eu continuo a cultivar minha paixão pela música.

Na pior das hipóteses, este também é um bom momento. Bom para cultivar paixões, podendo ficar em casa o tempo todo. Eu simplesmente não consigo.

Eu trabalho em um supermercado.

Uma das esquisitices dessa época é que ontem eu era uma funcionária simples, nada de especial, e hoje dizem que sou um recurso indispensável. Que ofereço um serviço de necessidade à minha comunidade. Mesmo correndo o risco de meu próprio bem.

Hoje ou ontem, para mim não muda, continuo respeitando os plantões. Aqueles de sempre. Porém, com muito mais atenção. Trazemos máscara e luvas. E acima de tudo, vamos manter nossa distância. Entre nós e com os clientes. É tudo muito surreal. Este momento que ninguém esperava.

Vejo preocupação nos olhos dos clientes todos os dias. Somos isso hoje. Olhos, você notou? Somos apenas olhos em pedaços de tecido. Olhos atentos, alertas, perplexos, confusos. Cansado.

Cercado por esses olhos, continuo. Trabalho. E do meu jeito pequeno estou orgulhoso.

Para ser, como dizem, um recurso para o bem comum. Mesmo às minhas custas.

E gostaria de continuar, esse estranho novo respeito por mim que às vezes pareço ler nos olhos cansados ​​das pessoas. E então penso em famílias desfavorecidas. Quem não receberá o bônus de seiscentos euros. Para aqueles que não agüentam mais. E para aqueles que simplesmente não conseguem fazer isso. O orgulho então escurece um pouco, e eu quero que tudo acabe, imediatamente.

E imagino o passeio que farei pela orla marítima de Catanzaro Lido. Assim que tudo acabar. Vou abraçar minha namorada e depois abraçar a minha. Como sempre. E talvez muito melhor do que nunca.

"Hoje somos olhos, notou?" Alessio última edição: 2020-04-25T17:00:00+02:00 da Redação

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