Com "No azul pintado de azul" Domenico Modugno é o vencedor da Sanremo. Estamos em 1958 com a oitava edição do Festival. Estreia ao vivo na Eurovisão, apresentada no Salone delle Feste do Casino Sanremo e conduzida por Gianni Agus e Fulvia Colombo. A música escrita por Franco Migliacci e por Domenico Modugno, interpretado por este último emparelhado com Johnny Dorelli, desperta um entusiasmo incomparável. O início da história de uma melodia que se tornou o próprio emblema da Itália e de ser italiana.
Nos triunfos azuis pintados de azul em Sanremo: um pouco de história
A música foi escrita alguns meses antes de ser apresentada no Festival. Existem várias histórias sobre a origem da música. Um desses fala sobre Franco Migliacci que então vivia em Roma, na via Vittoria. Domenico Modugno, na época já atuando, apareceu na televisão e conseguiu comprar um carro. Naquele dia os dois deveriam ir para o mar com o carro de Mimmo, mas este não apareceu (mais tarde soube-se que ele tinha ido para o mar com sua esposa, Franca Gandolfi).
Migliacci, enfurecido, decidiu ir para casa tomar alguns goles de Chianti. Ao acordar, ele olhou para duas reproduções de pinturas de Marc Chagall preso à parede. Um foi "La femme au coq rouge", O galo vermelho voando no céu azul e o outro era"Le peintre et son models“, O pintor que tem o rosto pintado de azul. E é aí que as primeiras palavras saíram. Outra versão, contada por Domenico Modugno, afirma que a ideia do refrão lhe ocorreu olhando o céu azul da janela de sua casa em Roma. Outro ainda, contado pelo vencedor de Sanremo, vê este último e Migliacci caminhando perto da Ponte Miglio, até que um dos dois (não se sabe quem) teria pronunciado o verso. Eu tinha me pintado de azul.
La desejo de recomeçar, de se libertar e de ... voar!
Em 31 de janeiro de 1958, Domenico Modugno apresenta a peça "Nel blu pintado di blu" no oitavo Festival de Sanremo. A reação do público e dos profissionais é extraordinária. A sala explode em um tumulto de alegria, de rugidos e de mãos agitando lenços brancos. A crítica fala de um ato poético e revolucionário. Nesse espaço de apenas três minutos, a tristeza e os pensamentos que estavam ligados à reconstrução do pós-guerra são varridos. Modugno, com aquele grito libertador, de braços abertos, comunica um desejo coletivo. A vontade de recomeçar, de se libertar e de ... voar!
Nel blu dipinto di blu triunfa em Sanremo, mas não é só a música que vence. O vencedor de Sanremo é Domenico Modugno, seus gestos teatrais, o ator de voz gutural e bigode que lembra os de Clark Gable. O vencedor de Sanremo se impõe no imaginário coletivo, encarna o novo cantor, aquele que os admiradores do artista chamavam de “cantator”. Os jovens ganham e o homem finalmente ganha. O homem que consegue desequilibrar os velhos padrões. Com Nel blu pintado de azul, a cena musical italiana desperta. Naquela noite de 1958, começou o nascimento dos compositores da escola genovesa.
Senhor Volare, o maior de todos
O senhor Volare ainda incorpora o espírito italiano hoje. O puro, sentimentalmente revolucionário e dotado de imensa paixão. A força irresistível do refrão e o sopro de alegria que permeiam o ouvinte fogem ao controle do tempo. Muitas capas, releituras de artistas nacionais e internacionais. Uma música que foi traduzida para vários idiomas. "Volare" é aquele disco italiano que alcançou o topo dos sucessos americanos. Uma posição ocupada por treze semanas. Uma vitória merecida, uma viagem que todo italiano e todo amante da música podem fazer de olhos abertos, relembrando "o maior de todos" com a consciência de que “Um sonho como este nunca mais vai voltar ..."