Michelangelo Merisi, chamado "Caravaggio" nasceu em Milão em 29 de setembro de 1571 faleceu em Porto Ercole em 1610. Hoje o aniversário de um talento difícil de aproveitar, com uma vida ousada, uma imensa habilidade descritiva, que o tornou um dos pintores mais importantes e reconhecíveis da história da arte italiana. O que Caravaggio faz, na história da arte, não é apenas o uso sublime da luz, a capacidade quase geométrica de criar diferentes volumes, de sublinhar ações, como se descobrisse formas plásticas através do claro-escuro, o que Caravaggio faz é fazer arte diariamente.
Os protagonistas das obras
Os protagonistas de suas pinturas são as pessoas, na verdade, mais ainda, as emoções que norteiam as ações das pessoas. Eu sou raiva, desânimo, admiração. Com o gênio de Caravaggio, a psique, a esfera emocional, tornou-se representação. Seus modelos são plebeus, prostitutas, pessoas conhecidas na rua. Ele frequenta tabernas, personagens muito pobres e marginais. Muitas vezes pintou a si mesmo, mas também a outros artistas, incluindo Mario Minniti de Siracusa: ele é o rosto retratado na Menino com uma cesta de frutas. A primeira obra com referência religiosa de Caravaggio retrata a Penitente Madalena, para personificar Maddalena é Annuccia Bianchini, uma prostituta que Caravaggio conhecia e frequentava. Annuccia sempre posa para a ópera Descansar no vôo para o Egito, aqui ela é retratada como a Madonna, que guarda seu filho adormecido.
Luz e teatralidade das cenas de Caravaggio
A escolha foi inquietante, também porque Caravaggio tornou as figuras pintadas extremamente reconhecíveis. Portanto, foi rastreado até suas identidades. Era como uma cena teatral, composta e dinâmica. Segundo Merisi, apenas "quem sabe pintar bem e imitar bem as coisas naturais" são pintores habilidosos. O importante para Caravaggio era descrever um momento da vida real, onde qualquer um pudesse se reconhecer, onde as pessoas normais redescobrissem o divino que havia nelas. Eles se sentiram como protagonistas.
Morte da virgem (1605-1606) é uma obra famosa, que foi rejeitada pelo cliente pelo realismo da cena, conta-se que Caravaggio escolheu uma prostituta afogada no Tibre para retratar a Virgem. E conta-se que aquela mulher de barriga inchada, encontrada entre as ondas, era apenas Annuccia Bianchini.
Outra modelo de Caravaggio, a preferida, é Fillide Melandroni, também prostituta, mas uma mulher mais atenta, tentando subir de nível, construir um futuro. Há, novamente, Maddalena Antognetti, outra prostituta que é usada por Caravaggio duas vezes, e sempre para representar a Virgem. Especialmente na polêmica Madonna dei Pellegrini.
Luzes e sombras em Caravaggio
Caravaggio era muito habilidoso em para dosar luzes e sombras em suas pinturas, mas não é o mesmo na vida. Mesmo ganhando dinheiro, ele usava roupas caras, mas surradas e gastas, como sua alma. Seu estúdio foi montado com luzes estratégicas de lâmpadas e velas e quase se transformou em um moderno set de filmagem, aliás, Caravaggio, é o primeiro mestre da luz e da fotografia, poderíamos dizer, que abre caminho para o Barroco.
Em 1606, ele mata Ranuccio Tommasoni em uma luta. Sua vida virou de cabeça para baixo. Ele buscou refúgio em Malta, mas também aqui outra luta e prisão. Ele escapa, perseguido por sentimentos de culpa e pelo terror da morte. Morreu em Porto Ercole em 1610, tem 38 anos, viajava para pedir audiência ao Papa, mas está cansado, ferido, provado por uma existência ousada, figuras vingativas e sobretudo os seus demónios não o entregam trégua. Ele nunca saberá que o Pontífice, algumas semanas antes, o havia perdoado por seus crimes.
Fonte da foto em evidência: “Caravaggio, Calling of St. Matthew” por profzucker está licenciado sob CC BY-NC-SA 2.0